A atriz Maria Zilda Bethlem acionou a Justiça contra a Globo cobrando a revisão dos valores recebidos pelas reprises e vendas de novelas das quais participou. Fora da emissora desde 2016, ela questiona a quantia paga pela exploração de obras no streaming e na TV por assinatura. Em resposta, a empresa alega que os pagamentos estão amparados por contrato e acusou a artista de tentar “enriquecer ilicitamente”.
Veterana da teledramaturgia, Maria Zilda Bethlem integrou o elenco de produções como Guerra dos Sexos (1983), Vereda Tropical (1984), Selva de Pedra (1986), Bebê a Bordo (1988), Top Model (1989), Vamp (1991) e Por Amor (1997). Em entrevista ao site F5, da Folha de S.Paulo, ela afirmou que a Globo lucra com essas obras sem contrapartida adequada. “[A emissora] se apossou dos meus sucessos antigos e segue lucrando com eles.”
Record contrata âncora que transformou jornal da Globo em Balanço Geral
Band investe em novela venezuelana para bombar no streaming
A Globo, por sua vez, anexou documentos ao processo que apontam o pagamento de R$ 218 mil referentes às reprises entre 2018 e 2024. A empresa também declarou que todas as exibições e vendas estavam previstas nos contratos firmados com a atriz. Ainda assim, a artista contesta os valores e quer que a Justiça defina regras claras para o setor audiovisual.
Maria Zilda Bethlem argumenta que os contratos assinados décadas atrás não previam modelos de exibição por streaming ou TV por assinatura, e cita a lei nº 6.533/78, que veda cessões perpétuas de direitos e prevê remuneração extra a cada nova exploração. “Não havia cláusulas prevendo que uma novela estaria disponível para consumo ilimitado, on demand, por milhões de pessoas, a qualquer hora, para sempre”, pontuou.
Maria Zilda quer abrir precedente para outros profissionais
Segundo a atriz, a motivação do processo vai além do aspecto financeiro. Ela busca contribuir para a criação de jurisprudência que assegure direitos aos profissionais diante das mudanças tecnológicas. “Não estou lutando só pelo que me é devido, mas para que as próximas gerações de artistas não sejam tratadas como meros fornecedores de material bruto para exploração ilimitada.”
Na entrevista, Maria Zilda Bethlem revelou que muitos colegas a apoiaram nos bastidores, mas evitam se posicionar publicamente por receio da influência da Globo no mercado. Ela afirma não temer represálias. “Tenho certeza de que estou certa: lutar pela minha dignidade, pelos meus direitos, por respeito e pela história de 40 anos de trabalho árduo.”
A atriz diz que sua relação com a emissora está encerrada e que não pretende retomar vínculos profissionais. Questionada sobre contratos anteriores, reforçou que sempre foi fiel à Globo e que só agora, com mais informação e respaldo jurídico, identificou falhas sistemáticas nos pagamentos. “A força econômica da Globo moldou o padrão de toda a indústria”, afirmou.
Maria Zilda Bethlem também citou que o Supremo Tribunal Federal deve julgar uma ação semelhante, movida por Roberto Carlos e o espólio de Erasmo Carlos (1941-2022). Ela acredita que a decisão terá impacto direto em casos como o seu. “O que o Supremo decidir valerá para todos os processos do país. Isso mostra como a nossa luta é justa, necessária e, acima de tudo, urgente.”


